“André, qual seria a estratégia que você adotaria nesse processo de fusão das duas empresas?” Essa foi a pergunta que o Head Global de Estratégia de uma organização líder em seu segmento me fez.
A empresa estava prestes a passar por um processo de M&A.
Minha resposta:
“O primeiro passo é tornar o tema “cultura” tão relevante quanto os demais temas que envolvem tradicionalmente um M&A. Todas as escolhas que forem feitas agora vão afetar a cultura que a empresa terá daqui para frente.
E dependendo dessas escolhas, as estratégias e ações serão muito distintas. Por exemplo:
A melhor cultura será uma combinação do “melhor das duas”? Ou será a de quem está adquirindo a outra empresa? Ou a empresa vai aproveitar a fusão para criar uma cultura diferente do que as duas tinham antes?
Todas as suas escolhas a partir daí (estrutura, escolha dos líderes, pessoas, modelos de RH, modelo de gestão, etc) precisarão ser intencionalmente desenhadas para atingir o seu objetivo.
Lembre-se de que independente de ter uma estratégia ou não uma cultura irá se desenvolver naturalmente. O problema é se essa cultura nãoo impulsionar a estratégia do negócio.
Veja: uma cultura hierárquica pode impedir que uma cultura de colaboração se desenvolva. Uma cultura burocrática pode fazer com que a empresa perca agilidade. Uma cultura de comando e controle pode impedir que novas ideias e inovações aconteçam.
Quando o assunto é cultura, definir a cultura desejada o quanto antes é a melhor opção. Mas essa e apenas a ponta do iceberg. É a partir daí que o trabalho começa de verdade…
Todas as ações para desenvolver e escalar essa cultura serão consequências dessa definição. Então, eu devolvo a pergunta: qual é a cultura que a empresa quer desenvolver?”
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A empresa ainda não tinha total clareza dessa resposta. Inicialmente a resposta mais confortável é dizer que será o melhor das duas.
Na teoria isso é ótimo. Os problemas começam a surgir quando as suas decisões posteriores conflitam com essa estratégia inicial.
E esse é um sintoma de que não houve uma estratégia para desenvolver a cultura. Ou que que não há uma visão clara das consequências dessas escolhas para o desenvolvimento da cultura.
Veja: é perfeitamente possível fazer essas correções depois de um tempo. Mas elas darão um pouco mais de trabalho.
No final das contas, só depois de algum tempo a empresa acaba percebendo que cultura é tão importante quanto a estratégia do negócio.
Como digo sempre: cultura não come a estratégia no café da manhã. Elas, na verdade, tomam juntas o café da manhã.
Grande Abraço e até a próxima!
Let’s keep rocking!!!
Sobre o autor
André Souza é fundador e CEO da FUTURO S/A, consultoria que ajuda a realizar transformações na cultura, na estratégia e no RH de grandes empresas.
Ao longo de sua carreira, André atuou como Executivo de RH liderando equipes e projetos na América Latina, EUA e Europa em grandes organizações como Bayer, Monsanto, Coca-Cola Company, Newell Brands & Nokia.
André é formado em Administração pela UERJ e Mestre Acadêmico em Administração de Empresas pela PUC-Rio.
Além disso, possui certificação internacional como Master Trainer da StrategyTools na Noruega e em “Futures Thinking & Foresight” pelo Institute for the Future em Palo Alto, na Califórnia (EUA);
André é autor de 4 livros:
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