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Foto do escritorAndré Souza

Experimentar para Inovar

A gente sempre ouviu bastante nos últimos anos sobre aquele conceito das 10.000 horas de prática, criado há alguns anos pelo Malcom Galdwell.


Porém, com mudanças tão rápidas acontecendo no mundo, em vez de 10.000 horas de prática, precisaremos de 10.000 horas de EXPERIMENTAÇÃO.


Experimentar será a tônica para inovar e gerar resultados nesta nova Era.



É o que diz Michael Simmons em um texto bem bacana (em ingles) no Medium.


Ele traz pesquisas recentes que mostram que o conceito das 10.000 horas de prática tem sido úteis em carreiras que não mudam tão rapidamente - como música e esportes.


Por outro lado, não tem ajudado tanto em carreiras que estão mudando drasticamente nessa nova Era Digital.


Afinal, o que funcionava no passado não necessariamente servirá no futuro.


Qual a solução, então?


EXPERIMENTAÇÃO: Testar novas ideias, prototipar, fazer pilotos de produtos e serviços, errar e corrigir rápido...


Por exemplo: muito do sucesso da Amazon hoje se deve à sua Cultura de Experimentação, de foco no cliente e de assumir riscos - fomentada pelo seu fundador e CEO, Jeff Bezos desde a criação da empresa em 1997.


Desde 1997, Bezos termina cada Carta aos Acionistas informando que, para a Amazon, "Ainda é o Dia 1". É o que, segundo ele, mantém o espírito de start-up em um conglomerado gigantesco.


Para Jeff Bezos, ser uma empresa que se comporta como sendo o "Dia 2" significa foco em processos, lentidão, declínio e morte da empresa.


Sempre que a gente fala na Amazon, a maioria das pessoas vai pensar no site famoso que começou vendendo livros. Mas, hoje é um marketplace poderoso - responsável, por exemplo, por mais de 40% do E-Commerce realizado nos EUA.


Além disso, a Amazon atua hoje em diferentes ramos. Não é uma empresa focada em um ou dois produtos que fazem seu sucesso.



São 5 divisões. Se cada uma dessas divisões fosse uma empresa já seriam gigantescas. Destas, apenas a Whole Foods não nasceu na própria Amazon:


Amazon.com (#1 Ecommerce Marketplace) - mais de 40% do ecommerce dos EUA feito na Amazon.


Amazon Web Services (#1 em Web Services) - hoje, mais de 42% da Internet roda em plataformas da AWS - isso é mais do que o dobro da Microsoft, Google e IBM JUNTAS!


Alexa (#1 Assistente de Voz baseada em Inteligência Artificial) - Hoje, através da Alexa, é possível, por exemplo, fazer pesquisas na Internet e fazer compras on-line. Tudo sem entrar no computador. Apenas falando com a Assistente de Voz. Se quiser ver a Alexa em ação, dá uma olhada aqui.


Se a Amazon é tão forte no E-Commerce e com um Assistente de Voz poderoso que pode fazer compras apenas por um comando de voz, imagina se a Amazon tivesse também uma rede de mercados?


"Alexa, preciso de 2 pacotes de macarrão,

1 kg de carne moída, molho de tomate e 300g de queijo parmesão?"


Whole Foods - Pois é... E a Amazon agora tem essa rede de mercados. E não é qualquer rede. Ano passado a Amazon comprou a Whole Foods, a rede gigante de alimentos saudáveis. Agora, desde 2018, a Amazon entrega em até 2 horas qualquer compra acima de US$35 em algumas cidades... Imagina o que vem por aí...


Amazon Prime (#2 em Vïdeos em Streaming) - A Amazon Prime é uma das concorrentes da Netflix e começou a investir pesado em conteúdo próprio - assim como tem sido a estratégia da Netflix nos últimos anos). Só em 2017 foram US$4,5 em conteúdo original.


***


Experimentar, Prototipar: essa é a linha que outras organizações de diferentes segmentos estão seguindo para poder inovar de verdade. Veja, por exemplo, o número de experimentações do Google, Intuit, P&G, Netflix...

Mas o que vemos, de uma forma geral, são cada vez mais as organizações assumindo MENOS riscos. Empresas experimentando, mas de forma conservadora, de forma bem controlada. Fazendo experimentos com alta margem de segurança.

No final das contas, há muito mais medo de errar do que vontade de acertar.


E qual a razão dessa cultura avessa aos erros? Isso ainda acontece porque, ao longo de muitos anos, a área de "Pesquisa e Desenvolvimento" era a "responsável" pela inovação. Um processo custoso, que levava anos e, é claro, que não podia ter falhas.


O ponto é que, hoje, testar novas ideias é um processo muito mais barato, rápido e fácil - e que pode ser conduzido por qualquer área...


Nos próximos anos vamos precisar criar soluções para problemas que não conhecemos. Desafios que as empresas e as pessoas nunca passaram. E é exatamente por isso que as empresas acima realizam um número absurdamente alto de experimentações. É assim que elas irão inovar de verdade.


Eu falei mais sobre isso em outro texto aqui sobre "O problema de focar apenas em melhores práticas para inovar".


O fato é que o Futuro do Trabalho, em um mundo de incertezas e mudanças rápidas, demandará uma mudança de comportamento. Das organizações e de nós, como profissionais.


Será preciso, cada vez mais, desenvolver nas organizações a capacidade de assumir riscos e explorar novos caminhos.


E isso também vale para todos nós, como profissionais. Quando foi a última vez que você aprendeu e colocou em ação algo novo e que mudava realmente o status quo? Algo que mudava a sua forma de fazer as coisas?


Por anos fomos ensinados a aprimorar processos. Mas isso não será suficiente daqui pra frente. Ser ágil, tomar riscos, errar e aprender com esses erros será essencial na Era Digital.


Experimentar será a tônica para inovar e gerar resultados nesta nova Era.


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